Em 23 de outubro de 2025, a Delegação para a América Latina da Associação Internacional de Cidades Educadoras realizou um novo Diálogo Educador para a Ação, centrado em um dos princípios mais significativos da Carta das Cidades Educadoras: a participação ativa das infâncias na vida da cidade.
O encontro virtual, realizado como uma prévia do Dia Internacional da Cidade Educadora, reuniu representantes de Santos (Brasil), Rosario e El Trébol (Argentina), três cidades que promovem, a partir de diferentes enfoques, o protagonismo infantil como pilar da transformação urbana e social.
Na mediação, Valeria Llobet propôs um marco de reflexão que posicionou a participação das infâncias como uma proposta política essencial. Ouvir meninos e meninas, destacou ela, não significa apenas abrir espaços de expressão, mas transformar a institucionalidade local para incorporar seus olhares no desenho e na gestão da cidade.

A experiência de Rosario, pioneira na América Latina na implementação do projeto A Cidade das Meninas e dos Meninos, mostrou como um dispositivo simples pode se tornar uma política de grande profundidade democrática. Há mais de duas décadas, o Conselho de Meninas e Meninos convida a repensar a cidade a partir do olhar infantil, promovendo o diálogo, a reflexão e a ação conjunta com diferentes áreas do governo local. A força dessa proposta reside em seu compromisso intergovernamental: cada projeto impulsionado pelo Conselho é articulado com as secretarias municipais, garantindo que as vozes infantis tenham impacto real nas políticas públicas.

Em Santos, o Grêmio Estudantil consolidou-se como uma instituição política no âmbito escolar, com mais de cinquenta grupos ativos e centenas de estudantes que exercem papéis de liderança, comunicação e gestão. Por meio dessa experiência, a cidade promove a aprendizagem cívica cotidiana, fortalecendo a autonomia, a responsabilidade e a cooperação. O protagonismo estudantil torna-se aqui uma verdadeira escola de cidadania democrática, em que aprender a participar é também aprender a conviver.

Por sua vez, a cidade de El Trébol apresentou o Conselho de Meninas e Meninos, um espaço reconhecido como um verdadeiro laboratório de cidadania. A partir de um sorteio público que garante diversidade e inclusão, as crianças se reúnem para refletir, debater e propor melhorias para sua comunidade. As demandas que emergem — como o direito de brincar, de serem ouvidas e de compartilhar os espaços públicos — revelam uma compreensão profunda da justiça e da equidade. Nesse processo, o município assume o desafio de transformar essas vozes em ações concretas, consolidando políticas sustentáveis e participativas.
O diálogo permitiu reconhecer que a participação infantil não é um gesto simbólico nem uma atividade complementar, mas uma prática política densa e significativa. As três cidades demonstraram que o compromisso institucional, a articulação intersetorial e a criação de redes são elementos fundamentais para assegurar a continuidade e a vitalidade dessas políticas.
Este Diálogo Educador reafirma que uma Cidade Educadora é aquela que escuta, dialoga e se deixa transformar por suas infâncias. Em suas vozes expressam-se não apenas desejos, mas diagnósticos, saberes e propostas que enriquecem a democracia local. Reconhecê-las como cidadãs e cidadãos do presente é um passo essencial rumo a uma sociedade mais justa, inclusiva e, em última instância, mais educadora.
Para reviver o diálogo.
Para saber mais sobre as experiências apresentadas, visite nosso Banco de Experiências.
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